sexta-feira, 9 de outubro de 2009

http://www.youtube.com/watch?v=fSdgBse1o7Q

quarta-feira, 8 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009



quinta-feira, 30 de abril de 2009

CURSO DE FORMAÇAO CONTINUADA

DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA XOKLENG

ITAPEMA /SC – 14 a 17/04/2009

Textos produzidos pelos professores

Texto 1

“Memorial” descritivo sobre Identidade

No passado remoto o povo Xokleng era um grande grupo que circulava por toda a região sul , aproximadamente até o litoral, ao longo de toda a história. Os Xokleng por ser um grande número de famílias já não se entendia mais. Isto fez com que o povo se dividisse em grupos ou famílias menores. Isto indica que pelo distanciamento criou-se novos dialetos, mas sim da mesma família lingüística. Dessa forma o povo Xokleng manteve seus costumes, suas línguas vivas com uma filosofia de repassar suas tradições para as novas gerações e que possa ser repassada de geração a geração. No entanto, os Xokleng não tinham religião especifica, mas acreditavam na natureza. Para o povo todo seres da natureza tem seus espíritos. Como por exemplo, o vento, a chuva, a água, entre outro, tem seu espírito. O povo Xokleng acreditam na encarnação, acreditam que uma criança após a morte encarnavam-se em uma outra criança Xokleng. Também acreditavam que existe céu e terra e que existe seres no céu, da mesma forma que acreditam que existe vida após a morte. De acordo com suas crenças há um lugar próprio para a alma Xokleng.

Tradicionalmente o povo Xokleng tem por costume adotar o primeiro neto como seu próprio filho. O povo Xokleng é um povo de coletores de frutas caça e pesca. Da mesma forma o Xokleng é um povo coletivo isto é, tudo que se coletava era dividida ao grupo e comiam no mesmo lugar.

Atualmente o povo Xokleng luta para a sua sobrevivência resistindo a todas as barreiras para manter viva sua identidade cultural. Da mesma forma manter viva a língua materna.

(Autores: Namblá Gakran, Berenice Ndili, Belonir Ndili, Adelina Patté)

Texto 2

Memória

São fatos narradas a partir de uma simples palavra, ou objetos que me permitem a uma reflexão ou lembranças.

Para os índios mais velhos quando falamos na construção da barragem eles sentem muito triste. Pois, lembram que antes dela todos os índios viviam em uma única aldeia, se alimentavam todos juntos, saiam caçar juntos e tinham uma convivência coletiva. Após a construção da barragem. Tudo isso acabou a única aldeia teve que ser dividida em 7 aldeias todas com lideres diferentes e toda a convivência em grupo foi destruída causando grandes danos ao grupo Xokleng como a perda da língua e muitas outras coisas que eram importante para a comunidade.

A educação e a saúde era administrada pela FUNAI. Hoje tudo mudou, a educação é comandada pelo estado de SC.

(Autores: Miriam V. Priprá e Walderes C. P. de Almeida)

Texto 3

A nossa memória

Queremos aqui relatar uma história que muito nos prejudica.

Viviam todos felizes num mesmo lugar compartilhando as nossas alegrias. A natureza que fazia sua fonte de renda. Existiam uma facilidade de locomover de um lugar para o outro sem dificuldade, mas por volta da década de 1980, isso tudo acabou.

Foi construindo uma barragem que dividiu a nossa comunidade. Sua fonte de renda se acabou porque houve inundação trazendo muita destruições onde seus costumes e suas culturas se acabaram.

(Autores: Jeonilto Veitchá Crendo, Jidean R. Fonseca)

Texto 4

Memória

A memória está mais nos fatos narrados na oralidade de uma realidade que está no artesanato, nos contos indígenas Xokleng, mais velhos, buscar os conhecimentos que eles sabem, transmitir para os filhos. Ex. ensinam as crianças fazer remédios, tudo na tradição, música, poesia, brincadeiras, língua materna. Ficou na memória: vários animais selvagens que foram extintos: Ex. anta e porco-do-mato.

. Uma única aldeia;

. Um único líder, para dominar politicamente a TI Xokleng;

. O primeiro nome dado a etnia aos indígenas (Botocudos);

. A crença, uma única e acreditava-se em animais, aves, sol, lua;

. Em épocas de fazer roças, faziam-se um mutirão;

. Alimentação era tirada diretamente da natureza, caça, pesca, frutos, sementes;

. As mães levavam seu filho(a) nas costas num artesanato feito com embira;

. Rio com água cristalina pura;

. Casa tradicional (típica Xokleng);

. Sede da FUNAI era localizada na Terra Indígena;

. Saúde, educação mantida pela FUNAI

. Os indígenas tinham uma saúde completa;

. A chefia da FUNAI era administrada pelo próprio índio;

. A primeira Igreja Evangélica – “Assembléia de Deus”, ser construída;

. A primeira religião que os indígenas adotaram a católica pelos missionários;

. A TI está dividida em várias aldeias e tudo mudou por causa da barragem norte.

(Autores:Carli e Ozéias)

Texto 5

Como encontrar a memória

Encontrar a memória é lembrar de fatos que aconteceram no passado. Estes são subsídios para nos ajudar a ensinar nossos alunos a conceder a nossa cultura, como ela surgiu e como é valorizada.

Para que isso aconteça é preciso que se peça a ajuda de pessoas mais velhas, que conhecem mais como era a vivência dos nossos antepassados. Através de memórias guardadas por algumas pessoas mais antigas sabe-se que na época os índios eram mais unidas pois tudo o que plantavam e caçavam era comunitário quando um tinha mantimentos, todos tinham que trabalhar em conjunto.

Faziam isso porque eram um povo muito sofrido, me lembra das enchentes que fez com que os índios perdessem suas roças, suas casas perderam também grande parte de suas matas e árvores frutíferas.

A falta de terras para trabalhar, fez com que as pessoas fossem migrando para outros lugares a procura de trabalho. O freqüente convívio do índio com o branco fez com que os índios fossem perdendo a sua cultura vivendo fora das aldeias e acabam casando-se com os brancos ou seja, com os não-indios e vinham os filhos que não eram brancos , mas também não eram mais índios. Seus filhos já não traziam mais o interesse pela sua cultura.

Com isso nosso povo está ficando cada vez mais misturado com o branco. E a cultura está perdida lá no passado.

(Autores: Silvana Gonçalves e Alçonete de Almeida Patté)

Texto 6

Identidade Xokleng

Hoje esse povo Xokleng tem suas características fortes, morenos olhos pretos, cabelos negros e longos, conserva seus costumes na culinária. Se comunicam e falam a língua materna acreditavam em Deus na forma de natureza, cada ser, cada bicho, árvore tinha alma, acreditavam também em vida após a morte. Eram coletores, caçavam e pescavam para sustentar a família, comunidade, viviam em grupos divididos em famílias sendo que o casamento eram escolhidos pelos pais, quando as crianças nasciam, e estas cresceram se casavam; sendo que o homem tinham outros casamentos além deste e poderia viver com mais de uma mulher.

Eles se chamavam botocudos, e Xokleng porque suas andanças carregavam um sexto nas costas e o antropólogo denominou Xokleng, por se parecer com a aranha.

O povo Xokleng é um povo lutador em busca de seus direitos para melhoria do povo, relembrar a vivência é recordar momentos bons e momentos ruins. Este povo que vive em busca de seus ideais onde no passado sofreu todos os tipos de discriminação, até mesmo o extermínio.

(Autores: Rodrigues Pinto Reis e Zilda Pripra)

Texto 7

Cumprimento dos costumes e rituais – história da pacificação

Um certo menino chamado Vomble perguntou no seu pai.

- Por quanto tempo ficaremos nesta mata?

O pai respondeu.

- Vomble, conforme os costumes e tradições sairemos logo.

Com o passar do tempo. Vomble e seu amigo Covi caminharam em direção ao rio, para cumprir o ritual dos primitivos Xokleng.

Mas no silencio do mato, além do cantar dos pássaros, ouviram tiros e de longe ele os avistou. Onde tudo começou.

Vomble gritou para o desconhecido.

- Ei, meu amigo

Então o desconhecido respondeu:

- Meu amigo, não tenho medo, vim aqui para te defender.

Vomble respondeu.

- Como posso acreditar que é meu amigo?

O desconhecido respondeu.

- Pra você acreditar vou matar um gado, machado, facão e roupas para o amigo usar com seus familiares.

O encontro aconteceu no começo da manhã e o contato foi estabelecido somente no final da tarde.

(Autores: Cahechuin e Micael)

Texto 8

História de um povo

Certa vez um menino Xokleng, olhando para as matas verde, começou a perguntar para si mesmo, a maneira como seus avós viviam na floresta; sem médico, sem odontólogos. Nessa dúvida resolveu perguntar ao pai:

- pai, de que maneira eram tratadas as doenças de meus avós, na mata, antes que eles fossem pacificados?

Seu pai respondeu:

- Meu filho, essa é uma história muito longa e de tristeza para mim.

- Mas eu quero saber essa história. Disse o filho.

- Filho, eles tinham suas maneiras de tratar as doenças que eles contraiam; existia um velho que conversava com os espíritos e tinha o conhecimento das ervas medicinais que serviam para tratá-los da maioria das doenças. Somente esse velho que fazia isso.

- Pai existiam mercados, lojas onde eles pudessem realizar suas compras? Perguntou o indiozinho a seu pai.

- Tudo quanto eles necessitavam era extraído da natureza, pois ela lhes oferecia.

- E quando eles sentiam dor de dente o que eles faziam? Tinha algum remédio que fizesse passar a dor?

- Existiam sim. Havia na mata um cipó que era mascado pelo doente que anestesiava e fazia passar a dor.

Assim foi contada a história para um menino Xokleng pelo seu próprio pai. Junto os dois conversaram e relembraram a história do seu povo, conhecendo os dois mundos, do avô e do menino.

(Autores: Lalan Priprá e Ozias T. Palé)

Texto 9

História e Memória

Tucun Kamlém

Era uma vez um menino chamado Tucun Kamlem ele nem era tão velho assim.

Sua casa era ao lado de uma casa de memória e ele conhecia todo mundo que vivia lá.

Ele gostava da sra. Vanhká que tocava txy.

Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o sr. Vãnheky.

Ele brincava com o sr.Kãnjãhá.

Ajudava a sra. Vanhkyl que andava com vãdã.

E admirava o sr. Kuzug que tinha voz de gigante.

Mas a pessoa que ele mais gostava era o sr. Uglô Kledo porque ela também tinha nome indígena como ele.

Ele a chamava de Jô Uglô e contava-lhe todos os seus segredos.

Um dia Tucum Kamlém escutou sua mãe e seu pai conversando sobre a dona Uglõ.

- Coitada da velhinha, disse a mãe.

- Por que ela é coitada? – Perguntou Tukum Kamlém

- porque ela perdeu a memória – respondeu seu pai.

- Também não é pra menos – disse sua mãe. – afinal lê já tem mais de noventa anos.

- O que é memória? Perguntou Tukun Kamlém.

Ele vivia fazendo perguntas

- É algo que você se lembre – respondeu seu pai.

Mas Tucum Kamlém queria saber mais: então ele procurou a sra. Vanhkã que tocava Txy

- O que é memória? Perguntou

- Algo quente, meu filho, algo quente.

Ele procurou a sra. Vanhẽky que lhe contava histórias arrepientes.

- O que é memória? Perguntou.

- algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo.

Ele procurou o sr. Kanjãha que adorava remar.

O que é memória? Perguntou.

-Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.

Ele procurou a sra. Vãnhkil que andava com vãdó.

- o que é memória? Perguntou

- Algo que faz rir, meu querido, algo que faz rir.

Ele procurou o sr. Kuzug que tinha voz de gigante

- O que é memória? Perguntou

- Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.

Então Tukun voltou para casa, para procurar memórias para Jô Uglô, que havia perdido as suas.

Ele procurou um antigo Kaj cheia de ugtxa já, guardadas há muito tempo e colocou-as com cuidado num dozapu.

Ele achou o gló kózi também.

Ele lembrou-se com tristeza, do zankó que seu avô lhe tinha dado e colocou-a delicadamente ao lado dos ugtxa já.

Depois achou seu vãnhkyku, que para ele valia ouro; por fim entrou na mata e pegou vo glé, ainda quente, debaixo do vo.

Ai, Tukun Kamlém foi visitar dona Uglõ e deu a ela, uma por uma, cada coisa de seu dozapu.

“Que criança adorável que me trás essas coisas maravilhosas”. Pensou dona Uglô.

E então ela começou a se lembrar.

Ela segurou o voglê ainda quente e contou sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jardim da casa de sua tia.

Ela encostou uma das ugtxa já em seu rosto e lembrou da vez que tinha ido a caça, há muito tempo e como sentira calor com suas botas de amarrar.

Ele pegou o zânkó e lembrou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para guerrear e que nunca voltou.

Ela sorriu para glózozy e lembrou da vez que mostrara uma para sua irmãzinha que rira a gargalhadas com a boca cheia de kulau.

Ela jogou o vanhkyku para Tukun Kamlém e lembrou do dia em que se conheceram e de todos e de todos os segredos que haviam compartilhado.

E os dois sorriram, e sorriram, pois toda a memória perdida de dona Uglô tinha sido encontrada, por um menino que não era tão velho assim.

(Autores: Maria Kula Patté, Solange Kavan Patté, Kan-Man Criri).

Texto 10


1914 – Início de uma história para o povo Xokleng

Quando o povo Xokleng foi pacificado tudo tornou-se diferente, dando inicio as mudanças de convívio desse povo. O povo passou a ter um líder não índio que segundo diz o povo que ele massacrava os índios. Com o passar do tempo os índios foram se revoltando e formando idéias diferentes que levaria a melhorar nosso lugar. Mas para que essas idéias acontecesse houve muitas mortes de índios inoscentes.

Em 1954 Brasílio Priprá um dos cidadãos da comunidade morre em um conflito com o chefe e seus capangas. Desse dia em diante começou uma nova fase da história Xokleng.

O povo que até esse período vivia amendrotado por esse ditador foi tendo liberdade de trocar seus conhecimentos com as sociedades envolvente. E essas mudanças foram acontecendo no meio do povo.

O grupo Xokleng que a principio, moravam em pequenos ranchos a beira do rio, passou a se distanciar, as famílias já estavam buscando a sua individualidade.

Segundo a minha memória a sociedade Xokleng, tinha um cacique que administrava a comunidade e tudo se referir a ele e era muito respeitada.

Mas as mudanças vão acontecendo ao longo dos anos houve uma construção de uma barragem que trouxe a divisão ecológica da aldeia. Surgiram várias aldeias e vários líderes. Desse período em diante, além do preconceito da sociedade envolvente que os Xokleng vem sofrendo. Agora entre o mesmo povo acontece essas diferenças não existe mais união, poucas famílias preservam o costume Xokleng e falam a língua, com seus filhos não existe mais a coletividade somente a individualidade.

Segundo as minhas observações tudo o que eu pude perceber desde o momento que eu me lembro, a terra indígena Lakalnõ já foi melhor, hoje o que nos resta é resgatar o que foi perdido, mas as diferenças nos impede e torna difícil o resgate e as nossas perspectivas é que futuramente possa mudar essa situação, mas o que tudo indica é que não acontecerá.

Mesmo nós os professores insistindo nessa conscientização o povo em geral não esta interessado e não esta se importando com a perca da linguagem e é por isso que se torna difícil a nossa convivência social. Agora o que me resta é lembranças do que já foi e não é mais.

(Autores: Alair Ngamum Patté, Abigail Mendes).

Texto 11

Fundação da Aldeia Bugio

Antes da construção da Barragem Norte vivíamos todos juntos, mas com conseqüências causadas tivemos que sair das margens do rio em busca de um lugar seguro para nossos filhos. Os líderes juntamente com a FUNAI resolveram levar o pessoal par um ponto mais alto da região. Então cerca de cinco famílias arrumaram suas mudanças e partiram para o novo lar, o qual já era conhecido por alguns indígenas, após os outros foram atrás deste grupo.

Durante o trajeto tiveram grande dificuldade com barreiras que haviam fechado a estrada e dificultado a passagem dos caminhões e com isso levaram cerca de três dias para chegar a seu destino.

Chegando neste lugar montaram suas barracas e iniciaram uma nova vida. Neste local tinha grande quantidade de bugio, os quais serviam de alimento. Há relato que um dos índios matou um bugio que ficou pendurado onde ninguém alcançava e de decompôs ali mesmo e após algum tempo ficou somente o esqueleto no alto da árvore e por isso ficou o nome deste lugar como Aldeia Bugio.

Autor: Alfredo Namblá Priprá

Texto 12

Lembranças de minha mãe (teatro criado e escrito em L. P. e Xokleng)


Abraão é um senhor viúvo. Ele tem dois filhos Nacan e Jair. Mora com ele sua mãe Josiane. Sua mãe com o passar do tempo fica doente sete saudades dos seus antepassados e dos artesanatos que não vê a muito tempo, pois na casa de Abraão não tem nada de artesanato Xokleng e com essas saudades que tem, ela fica deprimida.

Abraão fica assistindo TV quandop seu filho Jair chega apavorado e fala:

  • Pai, pai, vem cá, vem cá ver a vovó. Não sei o que ela tem, mas ela não está bem.

    Abraão vai até sua mãe que está sentada olhando para o céu, ou seja, com o olhar e o pensamento longe (vagendo, pensamento longe) e fala preocupado tocando-a

  • Mãe, mae, o que você esta vendo no céu? Você está bem? Não está doente? O que você tem?

Vovó Josiane responde:

  • Não, não estou doente. O que tenho é saudades do meus antepassados, dos maus pais... enfim, saudade que parece não ter fim. Sabe filho, se ao menos visse um artesanato, um objeto do meu povo, acho que essa saudade passaria.

    Abraão depois de conversar com sua mãe chama seu filho Nacau;

  • Nacau, Nacau, vem cá meu filho.

    Nacau vem até seu pai e seu pai fala para ele:

  • O que foi meu pai. Por que o senhor me chamou?
  • Te falei meu filho, porque estou preocupado com minha mãe. Não sei porque, ela agora está com saudades de seus antepassados, dos pais dela, dos nossos artesanatos. Eu estou muito preocupado com ela e por isso quero que você e o Jair vão comprar artesanato.

    Nacu chama Jair>

  • Jair vamos comigo fazer o que o pai me pediu.

    Os dois (Jair e Nacau)saíram e Abraão fica sentado ao lado da sua mãe. Sua mãe fica com o olhar de tristeza, olhando para o horizonte. Depois chega o Nacau e o Jair e chegam trazendo lança, flecha e chocalho. Entregam para seu pai e em seguida o Abrão entrega para sua mãe dizenso:

  • Mãe, mãe, comprei essas coisas para você.

    A vovó Josiane olha e pega esses objetos com olhar de tristeza e começa admirar. Fala com voz de tristeza e emocionada.

  • meu Deus, que coisas são essas? Nossa! Que saudades! Que saudades dos meus antepassados, que saudades dos meus pais. Esses objetos ele usava quando ia caçar. Essa lança me faz lembrar que quando eu era pequena, meu pai matou uma anta. Essa flacha, um tipo maior, lembro que meu pai matou um bugio em zag pil. Esse chocalho. Ah que saudades! Lembro que quando eu era pequena pela última vê uma perfuração nos lábios e os índios mais velhos tocam e dançavam. Olha meu filho, o que você me fez hoje é a coisa mais bonita que aconteceu na minha vida.

    Assim, todos se abraçam e acaba o teatro.

    Jó tó deis mé aklén (texto na Língua Xokleng)

    Abraão – Jo de jé mã koty jé né. Ha li a tó. Ke nũ vã. A kogó vã é jó tan.

    Vovó – I, énh né u tug ti jé etxó jug óg mé aklén kũ ẽnh jógze vã. Ha kenkú nú ta naka óg tadéu ve ku to nanhgog mi.

    Nacau – Kateg

Jug! Jo vu ká jã de jé mã inh jé ky mi. Katy ku no.

Abraão – Jo nevitug jág. Jo viu tó ké né un. Ba tu té. Jair jó mã deis plu txi óg tó déu kágdjam jé tég jé nú jó móveu. Jó jug óg tó déu txi etxó o mó génh vã.

Vovó – Ah! Étxo ve jug óg mé aklén nũ vã. Ah étxo jug tó, tó ge to akle é jó kág lan kũ to ẽnh já klair nũ aklég mu.

Do tóg ve kũ nũ jug tõ zág pil tá kug pé nũ etxó ve jó ke nũ akleg mé.

Txy tóg ve kũ Vatxó ka jug óg to gel óg glókozyn kũ to aglén etxó ve jó mũ aklég mũ.

Autores: Jair Crendo, Nacau Gakran, Josiane de Lima

Texto 13

História e Memória

Identidade

Era uma vez um menino chamado Kabê, seu nome foi escolhido por seus pais, pois gostavam de um animal com este nome. Quando ele tinha uns 3 anos, seus pais, para seguir o ritual da tribo mandaram furar seu lábio inferior para colocar um botoque. Era um menino muito sapeca, mas era muito esperto e sempre fazia piadinha com seus colegas, sempre fazia perguntas idiotas para sua mãe só para irritá-la.

Kabe morava na cabana próxima a uma cachoeira com seus pais. Ele gostava de tomar banho na cachoeira e brincava com seus amigos. Seu amigo preferido era um papagaio, que Kabe chamava de pãn bag.

Pãn bag era também muito sapeca e quando Kabe o mandava falar palavrões para as pessoas, Pãn Bag obedecia e levava recado para as outras pessoas quando Kabe mandava. Nos lugares em que Kabe era encontrado Pãn bag sempre estava lá, seja nas brincadeiras de subir árvores ou se ia balançar em ciós, ou outras Pãn Bag também só ficava olhando, observando quando Kabe estava brincando ou tomando banho no riacho ou na cachoeira.

Autores: Isaías e Margarete

Texto 14

História e Memória

Uma história da realidade – Uma linda moça

Uma linda moça e seu pai, que por ciumes matava os jovens que a vinham visitar para ouvir suas histórias, assim as moças falavam cada vez que chegavam.

Era uma, uma moça linda na óca junto com seus pais. Por ser linda, os rapazes da redondeza vinham visitar seu pai. A moça se chamava Kaklozal.

Os rapazes vinham visitar o seu pai na casa e diziam assim para ele:

  • Pai, eu vim aqui para o senhor me contar uma das suas histórias.

    No outro dia chegava um outro rapaz para escutar a história daquele senhor. E chegava à noite e ele nao parava de contar suas histórias. Em altas horas o receptor ficava com sono e dizia para ele:

  • Pai onde irei dormir?

    E ele dizia:

  • Dorme aí no lado da minha filha.

    O moço receptor dormia no lado da moça, o pai tão cruel, esperava ele dormir e pegava a cera guardada e colocava no cabelo do moço, cortou o cabelo e levou para a serpente que morava no topo de um pinheiro araucária. A serpente sabia a chegada do que aquele homem e levantava a cabeça para ver o homem. E descia pelo topo para comer a cera cheia de cabelo. Da qual cabelo a serpente comia, os rapazes iam morrendo, mas ninguém percebia.

    Mas, uma certa vez, um homem percebeu que os moços estavam se acabando, nem mais dava uma satisfação e estavam acabando. E ele dizia:

  • Alguém poderia ver, ou resolver por que é que os jovens estão se acabando?

    Este mesmo homem criando coragem para espiar o que estava acontecendo na população. Uma certa noite ele foi para a casa daquele homem para ouvir sua história. Chegando altas horas da noite ele perguntou ao homem:

  • Pai, onde irei dormir?

    Ela dava sempre a mesma resposta e dizia:

  • Dorme aí do lado de minha filha.

    Foi deitar do lado da moça , mas não dormiu. Quando chegou em altas horas o homem, achando que o rapaz estava dormindo, levantou-se bem lentamente e colou cera na cabeça do rapaz, cortou o cabelo que estava colado na cera e guardou no alto. O homem voltou a deitar. Então o rapaz esperou que o homem dormisse e levantou lentamente, pegou a cera cheia de cabelo, pois havia acompanhado toda a cena, tirou todo o cabelo que estava grudado na cera e colou no cabelo da filha, cortou o cabelo e colocou de volta onde o homem havia deixado.

    Na manhã seguinte o homem levantou-se e levou a cera cheia de cabelo. O rapaz foi espiar o que o homem estava fazendo. O homem chegou no topo do pinheiro araucária, uma cobra gigante apareceu sentindo a presença do que aquele senhor, levantou a cabeça e viu o homem desceu pelo topo do pinheiro e comeu a cera

    O rapaz viu toda aquela cena e voltou para contar tudo à comunidade indígena. Toda comunidade fora liberta daquele homem misterioso. Chegando à tarde, a filha do homem misterioso adoeceu, uma grande febre a atacou e ela faleceu.

    O homem misterioso lamentou muito e dizia que foi enganada e matou a sua própria filha. (Kaklozal)

Autor: Crendô.


CURSO DE FORMAÇAO CONTINUADA

DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA XOKLENG

ITAPEMA /SC – 14 a 17/04/2009

Textos produzidos pelos professores

Texto 1

“Memorial” descritivo sobre Identidade

No passado remoto o povo Xokleng era um grande grupo que circulava por toda a região sul , aproximadamente até o litoral, ao longo de toda a história. Os Xokleng por ser um grande número de famílias já não se entendia mais. Isto fez com que o povo se dividisse em grupos ou famílias menores. Isto indica que pelo distanciamento criou-se novos dialetos, mas sim da mesma família lingüística. Dessa forma o povo Xokleng manteve seus costumes, suas línguas vivas com uma filosofia de repassar suas tradições para as novas gerações e que possa ser repassada de geração a geração. No entanto, os Xokleng não tinham religião especifica, mas acreditavam na natureza. Para o povo todo seres da natureza tem seus espíritos. Como por exemplo, o vento, a chuva, a água, entre outro, tem seu espírito. O povo Xokleng acreditam na encarnação, acreditam que uma criança após a morte encarnavam-se em uma outra criança Xokleng. Também acreditavam que existe céu e terra e que existe seres no céu, da mesma forma que acreditam que existe vida após a morte. De acordo com suas crenças há um lugar próprio para a alma Xokleng.

Tradicionalmente o povo Xokleng tem por costume adotar o primeiro neto como seu próprio filho. O povo Xokleng é um povo de coletores de frutas caça e pesca. Da mesma forma o Xokleng é um povo coletivo isto é, tudo que se coletava era dividida ao grupo e comiam no mesmo lugar.

Atualmente o povo Xokleng luta para a sua sobrevivência resistindo a todas as barreiras para manter viva sua identidade cultural. Da mesma forma manter viva a língua materna.

(Autores: Namblá Gakran, Berenice Ndili, Belonir Ndili, Adelina Patté)

Texto 2

Memória

São fatos narradas a partir de uma simples palavra, ou objetos que me permitem a uma reflexão ou lembranças.

Para os índios mais velhos quando falamos na construção da barragem eles sentem muito triste. Pois, lembram que antes dela todos os índios viviam em uma única aldeia, se alimentavam todos juntos, saiam caçar juntos e tinham uma convivência coletiva. Após a construção da barragem. Tudo isso acabou a única aldeia teve que ser dividida em 7 aldeias todas com lideres diferentes e toda a convivência em grupo foi destruída causando grandes danos ao grupo Xokleng como a perda da língua e muitas outras coisas que eram importante para a comunidade.

A educação e a saúde era administrada pela FUNAI. Hoje tudo mudou, a educação é comandada pelo estado de SC.

(Autores: Miriam V. Priprá e Walderes C. P. de Almeida)

Texto 3

A nossa memória

Queremos aqui relatar uma história que muito nos prejudica.

Viviam todos felizes num mesmo lugar compartilhando as nossas alegrias. A natureza que fazia sua fonte de renda. Existiam uma facilidade de locomover de um lugar para o outro sem dificuldade, mas por volta da década de 1980, isso tudo acabou.

Foi construindo uma barragem que dividiu a nossa comunidade. Sua fonte de renda se acabou porque houve inundação trazendo muita destruições onde seus costumes e suas culturas se acabaram.

(Autores: Jeonilto Veitchá Crendo, Jidean R. Fonseca)

Texto 4

Memória

A memória está mais nos fatos narrados na oralidade de uma realidade que está no artesanato, nos contos indígenas Xokleng, mais velhos, buscar os conhecimentos que eles sabem, transmitir para os filhos. Ex. ensinam as crianças fazer remédios, tudo na tradição, música, poesia, brincadeiras, língua materna. Ficou na memória: vários animais selvagens que foram extintos: Ex. anta e porco-do-mato.

. Uma única aldeia;

. Um único líder, para dominar politicamente a TI Xokleng;

. O primeiro nome dado a etnia aos indígenas (Botocudos);

. A crença, uma única e acreditava-se em animais, aves, sol, lua;

. Em épocas de fazer roças, faziam-se um mutirão;

. Alimentação era tirada diretamente da natureza, caça, pesca, frutos, sementes;

. As mães levavam seu filho(a) nas costas num artesanato feito com embira;

. Rio com água cristalina pura;

. Casa tradicional (típica Xokleng);

. Sede da FUNAI era localizada na Terra Indígena;

. Saúde, educação mantida pela FUNAI

. Os indígenas tinham uma saúde completa;

. A chefia da FUNAI era administrada pelo próprio índio;

. A primeira Igreja Evangélica – “Assembléia de Deus”, ser construída;

. A primeira religião que os indígenas adotaram a católica pelos missionários;

. A TI está dividida em várias aldeias e tudo mudou por causa da barragem norte.

(Autores:Carli e Ozéias)

Texto 5

Como encontrar a memória

Encontrar a memória é lembrar de fatos que aconteceram no passado. Estes são subsídios para nos ajudar a ensinar nossos alunos a conceder a nossa cultura, como ela surgiu e como é valorizada.

Para que isso aconteça é preciso que se peça a ajuda de pessoas mais velhas, que conhecem mais como era a vivência dos nossos antepassados. Através de memórias guardadas por algumas pessoas mais antigas sabe-se que na época os índios eram mais unidas pois tudo o que plantavam e caçavam era comunitário quando um tinha mantimentos, todos tinham que trabalhar em conjunto.

Faziam isso porque eram um povo muito sofrido, me lembra das enchentes que fez com que os índios perdessem suas roças, suas casas perderam também grande parte de suas matas e árvores frutíferas.

A falta de terras para trabalhar, fez com que as pessoas fossem migrando para outros lugares a procura de trabalho. O freqüente convívio do índio com o branco fez com que os índios fossem perdendo a sua cultura vivendo fora das aldeias e acabam casando-se com os brancos ou seja, com os não-indios e vinham os filhos que não eram brancos , mas também não eram mais índios. Seus filhos já não traziam mais o interesse pela sua cultura.

Com isso nosso povo está ficando cada vez mais misturado com o branco. E a cultura está perdida lá no passado.

(Autores: Silvana Gonçalves e Alçonete de Almeida Patté)

Texto 6

Identidade Xokleng

Hoje esse povo Xokleng tem suas características fortes, morenos olhos pretos, cabelos negros e longos, conserva seus costumes na culinária. Se comunicam e falam a língua materna acreditavam em Deus na forma de natureza, cada ser, cada bicho, árvore tinha alma, acreditavam também em vida após a morte. Eram coletores, caçavam e pescavam para sustentar a família, comunidade, viviam em grupos divididos em famílias sendo que o casamento eram escolhidos pelos pais, quando as crianças nasciam, e estas cresceram se casavam; sendo que o homem tinham outros casamentos além deste e poderia viver com mais de uma mulher.

Eles se chamavam botocudos, e Xokleng porque suas andanças carregavam um sexto nas costas e o antropólogo denominou Xokleng, por se parecer com a aranha.

O povo Xokleng é um povo lutador em busca de seus direitos para melhoria do povo, relembrar a vivência é recordar momentos bons e momentos ruins. Este povo que vive em busca de seus ideais onde no passado sofreu todos os tipos de discriminação, até mesmo o extermínio.

(Autores: Rodrigues Pinto Reis e Zilda Pripra)

Texto 7

Cumprimento dos costumes e rituais – história da pacificação

Um certo menino chamado Vomble perguntou no seu pai.

- Por quanto tempo ficaremos nesta mata?

O pai respondeu.

- Vomble, conforme os costumes e tradições sairemos logo.

Com o passar do tempo. Vomble e seu amigo Covi caminharam em direção ao rio, para cumprir o ritual dos primitivos Xokleng.

Mas no silencio do mato, além do cantar dos pássaros, ouviram tiros e de longe ele os avistou. Onde tudo começou.

Vomble gritou para o desconhecido.

- Ei, meu amigo

Então o desconhecido respondeu:

- Meu amigo, não tenho medo, vim aqui para te defender.

Vomble respondeu.

- Como posso acreditar que é meu amigo?

O desconhecido respondeu.

- Pra você acreditar vou matar um gado, machado, facão e roupas para o amigo usar com seus familiares.

O encontro aconteceu no começo da manhã e o contato foi estabelecido somente no final da tarde.

(Autores: Cahechuin e Micael)

Texto 8

História de um povo

Certa vez um menino Xokleng, olhando para as matas verde, começou a perguntar para si mesmo, a maneira como seus avós viviam na floresta; sem médico, sem odontólogos. Nessa dúvida resolveu perguntar ao pai:

- pai, de que maneira eram tratadas as doenças de meus avós, na mata, antes que eles fossem pacificados?

Seu pai respondeu:

- Meu filho, essa é uma história muito longa e de tristeza para mim.

- Mas eu quero saber essa história. Disse o filho.

- Filho, eles tinham suas maneiras de tratar as doenças que eles contraiam; existia um velho que conversava com os espíritos e tinha o conhecimento das ervas medicinais que serviam para tratá-los da maioria das doenças. Somente esse velho que fazia isso.

- Pai existiam mercados, lojas onde eles pudessem realizar suas compras? Perguntou o indiozinho a seu pai.

- Tudo quanto eles necessitavam era extraído da natureza, pois ela lhes oferecia.

- E quando eles sentiam dor de dente o que eles faziam? Tinha algum remédio que fizesse passar a dor?

- Existiam sim. Havia na mata um cipó que era mascado pelo doente que anestesiava e fazia passar a dor.

Assim foi contada a história para um menino Xokleng pelo seu próprio pai. Junto os dois conversaram e relembraram a história do seu povo, conhecendo os dois mundos, do avô e do menino.

(Autores: Lalan Priprá e Ozias T. Palé)

Texto 9

História e Memória

Tucun Kamlém

Era uma vez um menino chamado Tucun Kamlem ele nem era tão velho assim.

Sua casa era ao lado de uma casa de memória e ele conhecia todo mundo que vivia lá.

Ele gostava da sra. Vanhká que tocava txy.

Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o sr. Vãnheky.

Ele brincava com o sr.Kãnjãhá.

Ajudava a sra. Vanhkyl que andava com vãdã.

E admirava o sr. Kuzug que tinha voz de gigante.

Mas a pessoa que ele mais gostava era o sr. Uglô Kledo porque ela também tinha nome indígena como ele.

Ele a chamava de Jô Uglô e contava-lhe todos os seus segredos.

Um dia Tucum Kamlém escutou sua mãe e seu pai conversando sobre a dona Uglõ.

- Coitada da velhinha, disse a mãe.

- Por que ela é coitada? – Perguntou Tukum Kamlém

- porque ela perdeu a memória – respondeu seu pai.

- Também não é pra menos – disse sua mãe. – afinal lê já tem mais de noventa anos.

- O que é memória? Perguntou Tukun Kamlém.

Ele vivia fazendo perguntas

- É algo que você se lembre – respondeu seu pai.

Mas Tucum Kamlém queria saber mais: então ele procurou a sra. Vanhkã que tocava Txy

- O que é memória? Perguntou

- Algo quente, meu filho, algo quente.

Ele procurou a sra. Vanhẽky que lhe contava histórias arrepientes.

- O que é memória? Perguntou.

- algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo.

Ele procurou o sr. Kanjãha que adorava remar.

O que é memória? Perguntou.

-Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.

Ele procurou a sra. Vãnhkil que andava com vãdó.

- o que é memória? Perguntou

- Algo que faz rir, meu querido, algo que faz rir.

Ele procurou o sr. Kuzug que tinha voz de gigante

- O que é memória? Perguntou

- Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.

Então Tukun voltou para casa, para procurar memórias para Jô Uglô, que havia perdido as suas.

Ele procurou um antigo Kaj cheia de ugtxa já, guardadas há muito tempo e colocou-as com cuidado num dozapu.

Ele achou o gló kózi também.

Ele lembrou-se com tristeza, do zankó que seu avô lhe tinha dado e colocou-a delicadamente ao lado dos ugtxa já.

Depois achou seu vãnhkyku, que para ele valia ouro; por fim entrou na mata e pegou vo glé, ainda quente, debaixo do vo.

Ai, Tukun Kamlém foi visitar dona Uglõ e deu a ela, uma por uma, cada coisa de seu dozapu.

“Que criança adorável que me trás essas coisas maravilhosas”. Pensou dona Uglô.

E então ela começou a se lembrar.

Ela segurou o voglê ainda quente e contou sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jardim da casa de sua tia.

Ela encostou uma das ugtxa já em seu rosto e lembrou da vez que tinha ido a caça, há muito tempo e como sentira calor com suas botas de amarrar.

Ele pegou o zânkó e lembrou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para guerrear e que nunca voltou.

Ela sorriu para glózozy e lembrou da vez que mostrara uma para sua irmãzinha que rira a gargalhadas com a boca cheia de kulau.

Ela jogou o vanhkyku para Tukun Kamlém e lembrou do dia em que se conheceram e de todos e de todos os segredos que haviam compartilhado.

E os dois sorriram, e sorriram, pois toda a memória perdida de dona Uglô tinha sido encontrada, por um menino que não era tão velho assim.

(Autores: Maria Kula Patté, Solange Kavan Patté, Kan-Man Criri).

Texto 10


1914 – Início de uma história para o povo Xokleng

Quando o povo Xokleng foi pacificado tudo tornou-se diferente, dando inicio as mudanças de convívio desse povo. O povo passou a ter um líder não índio que segundo diz o povo que ele massacrava os índios. Com o passar do tempo os índios foram se revoltando e formando idéias diferentes que levaria a melhorar nosso lugar. Mas para que essas idéias acontecesse houve muitas mortes de índios inoscentes.

Em 1954 Brasílio Priprá um dos cidadãos da comunidade morre em um conflito com o chefe e seus capangas. Desse dia em diante começou uma nova fase da história Xokleng.

O povo que até esse período vivia amendrotado por esse ditador foi tendo liberdade de trocar seus conhecimentos com as sociedades envolvente. E essas mudanças foram acontecendo no meio do povo.

O grupo Xokleng que a principio, moravam em pequenos ranchos a beira do rio, passou a se distanciar, as famílias já estavam buscando a sua individualidade.

Segundo a minha memória a sociedade Xokleng, tinha um cacique que administrava a comunidade e tudo se referir a ele e era muito respeitada.

Mas as mudanças vão acontecendo ao longo dos anos houve uma construção de uma barragem que trouxe a divisão ecológica da aldeia. Surgiram várias aldeias e vários líderes. Desse período em diante, além do preconceito da sociedade envolvente que os Xokleng vem sofrendo. Agora entre o mesmo povo acontece essas diferenças não existe mais união, poucas famílias preservam o costume Xokleng e falam a língua, com seus filhos não existe mais a coletividade somente a individualidade.

Segundo as minhas observações tudo o que eu pude perceber desde o momento que eu me lembro, a terra indígena Lakalnõ já foi melhor, hoje o que nos resta é resgatar o que foi perdido, mas as diferenças nos impede e torna difícil o resgate e as nossas perspectivas é que futuramente possa mudar essa situação, mas o que tudo indica é que não acontecerá.

Mesmo nós os professores insistindo nessa conscientização o povo em geral não esta interessado e não esta se importando com a perca da linguagem e é por isso que se torna difícil a nossa convivência social. Agora o que me resta é lembranças do que já foi e não é mais.

(Autores: Alair Ngamum Patté, Abigail Mendes).

Texto 11

Fundação da Aldeia Bugio

Antes da construção da Barragem Norte vivíamos todos juntos, mas com conseqüências causadas tivemos que sair das margens do rio em busca de um lugar seguro para nossos filhos. Os líderes juntamente com a FUNAI resolveram levar o pessoal par um ponto mais alto da região. Então cerca de cinco famílias arrumaram suas mudanças e partiram para o novo lar, o qual já era conhecido por alguns indígenas, após os outros foram atrás deste grupo.

Durante o trajeto tiveram grande dificuldade com barreiras que haviam fechado a estrada e dificultado a passagem dos caminhões e com isso levaram cerca de três dias para chegar a seu destino.

Chegando neste lugar montaram suas barracas e iniciaram uma nova vida. Neste local tinha grande quantidade de bugio, os quais serviam de alimento. Há relato que um dos índios matou um bugio que ficou pendurado onde ninguém alcançava e de decompôs ali mesmo e após algum tempo ficou somente o esqueleto no alto da árvore e por isso ficou o nome deste lugar como Aldeia Bugio.

Autor: Alfredo Namblá Priprá

Texto 12

Lembranças de minha mãe (teatro criado e escrito em L. P. e Xokleng)


Abraão é um senhor viúvo. Ele tem dois filhos Nacan e Jair. Mora com ele sua mãe Josiane. Sua mãe com o passar do tempo fica doente sete saudades dos seus antepassados e dos artesanatos que não vê a muito tempo, pois na casa de Abraão não tem nada de artesanato Xokleng e com essas saudades que tem, ela fica deprimida.

Abraão fica assistindo TV quandop seu filho Jair chega apavorado e fala:

  • Pai, pai, vem cá, vem cá ver a vovó. Não sei o que ela tem, mas ela não está bem.

    Abraão vai até sua mãe que está sentada olhando para o céu, ou seja, com o olhar e o pensamento longe (vagendo, pensamento longe) e fala preocupado tocando-a

  • Mãe, mae, o que você esta vendo no céu? Você está bem? Não está doente? O que você tem?

Vovó Josiane responde:

  • Não, não estou doente. O que tenho é saudades do meus antepassados, dos maus pais... enfim, saudade que parece não ter fim. Sabe filho, se ao menos visse um artesanato, um objeto do meu povo, acho que essa saudade passaria.

    Abraão depois de conversar com sua mãe chama seu filho Nacau;

  • Nacau, Nacau, vem cá meu filho.

    Nacau vem até seu pai e seu pai fala para ele:

  • O que foi meu pai. Por que o senhor me chamou?
  • Te falei meu filho, porque estou preocupado com minha mãe. Não sei porque, ela agora está com saudades de seus antepassados, dos pais dela, dos nossos artesanatos. Eu estou muito preocupado com ela e por isso quero que você e o Jair vão comprar artesanato.

    Nacu chama Jair>

  • Jair vamos comigo fazer o que o pai me pediu.

    Os dois (Jair e Nacau)saíram e Abraão fica sentado ao lado da sua mãe. Sua mãe fica com o olhar de tristeza, olhando para o horizonte. Depois chega o Nacau e o Jair e chegam trazendo lança, flecha e chocalho. Entregam para seu pai e em seguida o Abrão entrega para sua mãe dizenso:

  • Mãe, mãe, comprei essas coisas para você.

    A vovó Josiane olha e pega esses objetos com olhar de tristeza e começa admirar. Fala com voz de tristeza e emocionada.

  • meu Deus, que coisas são essas? Nossa! Que saudades! Que saudades dos meus antepassados, que saudades dos meus pais. Esses objetos ele usava quando ia caçar. Essa lança me faz lembrar que quando eu era pequena, meu pai matou uma anta. Essa flacha, um tipo maior, lembro que meu pai matou um bugio em zag pil. Esse chocalho. Ah que saudades! Lembro que quando eu era pequena pela última vê uma perfuração nos lábios e os índios mais velhos tocam e dançavam. Olha meu filho, o que você me fez hoje é a coisa mais bonita que aconteceu na minha vida.

    Assim, todos se abraçam e acaba o teatro.

    Jó tó deis mé aklén (texto na Língua Xokleng)

    Abraão – Jo de jé mã koty jé né. Ha li a tó. Ke nũ vã. A kogó vã é jó tan.

    Vovó – I, énh né u tug ti jé etxó jug óg mé aklén kũ ẽnh jógze vã. Ha kenkú nú ta naka óg tadéu ve ku to nanhgog mi.

    Nacau – Kateg

Jug! Jo vu ká jã de jé mã inh jé ky mi. Katy ku no.

Abraão – Jo nevitug jág. Jo viu tó ké né un. Ba tu té. Jair jó mã deis plu txi óg tó déu kágdjam jé tég jé nú jó móveu. Jó jug óg tó déu txi etxó o mó génh vã.

Vovó – Ah! Étxo ve jug óg mé aklén nũ vã. Ah étxo jug tó, tó ge to akle é jó kág lan kũ to ẽnh já klair nũ aklég mu.

Do tóg ve kũ nũ jug tõ zág pil tá kug pé nũ etxó ve jó ke nũ akleg mé.

Txy tóg ve kũ Vatxó ka jug óg to gel óg glókozyn kũ to aglén etxó ve jó mũ aklég mũ.

Autores: Jair Crendo, Nacau Gakran, Josiane de Lima

Texto 13

História e Memória

Identidade

Era uma vez um menino chamado Kabê, seu nome foi escolhido por seus pais, pois gostavam de um animal com este nome. Quando ele tinha uns 3 anos, seus pais, para seguir o ritual da tribo mandaram furar seu lábio inferior para colocar um botoque. Era um menino muito sapeca, mas era muito esperto e sempre fazia piadinha com seus colegas, sempre fazia perguntas idiotas para sua mãe só para irritá-la.

Kabe morava na cabana próxima a uma cachoeira com seus pais. Ele gostava de tomar banho na cachoeira e brincava com seus amigos. Seu amigo preferido era um papagaio, que Kabe chamava de pãn bag.

Pãn bag era também muito sapeca e quando Kabe o mandava falar palavrões para as pessoas, Pãn Bag obedecia e levava recado para as outras pessoas quando Kabe mandava. Nos lugares em que Kabe era encontrado Pãn bag sempre estava lá, seja nas brincadeiras de subir árvores ou se ia balançar em ciós, ou outras Pãn Bag também só ficava olhando, observando quando Kabe estava brincando ou tomando banho no riacho ou na cachoeira.

Autores: Isaías e Margarete

Texto 14

História e Memória

Uma história da realidade – Uma linda moça

Uma linda moça e seu pai, que por ciumes matava os jovens que a vinham visitar para ouvir suas histórias, assim as moças falavam cada vez que chegavam.

Era uma, uma moça linda na óca junto com seus pais. Por ser linda, os rapazes da redondeza vinham visitar seu pai. A moça se chamava Kaklozal.

Os rapazes vinham visitar o seu pai na casa e diziam assim para ele:

  • Pai, eu vim aqui para o senhor me contar uma das suas histórias.

    No outro dia chegava um outro rapaz para escutar a história daquele senhor. E chegava à noite e ele nao parava de contar suas histórias. Em altas horas o receptor ficava com sono e dizia para ele:

  • Pai onde irei dormir?

    E ele dizia:

  • Dorme aí no lado da minha filha.

    O moço receptor dormia no lado da moça, o pai tão cruel, esperava ele dormir e pegava a cera guardada e colocava no cabelo do moço, cortou o cabelo e levou para a serpente que morava no topo de um pinheiro araucária. A serpente sabia a chegada do que aquele homem e levantava a cabeça para ver o homem. E descia pelo topo para comer a cera cheia de cabelo. Da qual cabelo a serpente comia, os rapazes iam morrendo, mas ninguém percebia.

    Mas, uma certa vez, um homem percebeu que os moços estavam se acabando, nem mais dava uma satisfação e estavam acabando. E ele dizia:

  • Alguém poderia ver, ou resolver por que é que os jovens estão se acabando?

    Este mesmo homem criando coragem para espiar o que estava acontecendo na população. Uma certa noite ele foi para a casa daquele homem para ouvir sua história. Chegando altas horas da noite ele perguntou ao homem:

  • Pai, onde irei dormir?

    Ela dava sempre a mesma resposta e dizia:

  • Dorme aí do lado de minha filha.

    Foi deitar do lado da moça , mas não dormiu. Quando chegou em altas horas o homem, achando que o rapaz estava dormindo, levantou-se bem lentamente e colou cera na cabeça do rapaz, cortou o cabelo que estava colado na cera e guardou no alto. O homem voltou a deitar. Então o rapaz esperou que o homem dormisse e levantou lentamente, pegou a cera cheia de cabelo, pois havia acompanhado toda a cena, tirou todo o cabelo que estava grudado na cera e colou no cabelo da filha, cortou o cabelo e colocou de volta onde o homem havia deixado.

    Na manhã seguinte o homem levantou-se e levou a cera cheia de cabelo. O rapaz foi espiar o que o homem estava fazendo. O homem chegou no topo do pinheiro araucária, uma cobra gigante apareceu sentindo a presença do que aquele senhor, levantou a cabeça e viu o homem desceu pelo topo do pinheiro e comeu a cera

    O rapaz viu toda aquela cena e voltou para contar tudo à comunidade indígena. Toda comunidade fora liberta daquele homem misterioso. Chegando à tarde, a filha do homem misterioso adoeceu, uma grande febre a atacou e ela faleceu.

    O homem misterioso lamentou muito e dizia que foi enganada e matou a sua própria filha. (Kaklozal)

Autor: Crendô.


CURSO DE FORMAÇAO CONTINUADA

DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDIGENA XOKLENG

ITAPEMA /SC – 14 a 17/04/2009

Textos produzidos pelos professores

Texto 1

“Memorial” descritivo sobre Identidade

No passado remoto o povo Xokleng era um grande grupo que circulava por toda a região sul , aproximadamente até o litoral, ao longo de toda a história. Os Xokleng por ser um grande número de famílias já não se entendia mais. Isto fez com que o povo se dividisse em grupos ou famílias menores. Isto indica que pelo distanciamento criou-se novos dialetos, mas sim da mesma família lingüística. Dessa forma o povo Xokleng manteve seus costumes, suas línguas vivas com uma filosofia de repassar suas tradições para as novas gerações e que possa ser repassada de geração a geração. No entanto, os Xokleng não tinham religião especifica, mas acreditavam na natureza. Para o povo todo seres da natureza tem seus espíritos. Como por exemplo, o vento, a chuva, a água, entre outro, tem seu espírito. O povo Xokleng acreditam na encarnação, acreditam que uma criança após a morte encarnavam-se em uma outra criança Xokleng. Também acreditavam que existe céu e terra e que existe seres no céu, da mesma forma que acreditam que existe vida após a morte. De acordo com suas crenças há um lugar próprio para a alma Xokleng.

Tradicionalmente o povo Xokleng tem por costume adotar o primeiro neto como seu próprio filho. O povo Xokleng é um povo de coletores de frutas caça e pesca. Da mesma forma o Xokleng é um povo coletivo isto é, tudo que se coletava era dividida ao grupo e comiam no mesmo lugar.

Atualmente o povo Xokleng luta para a sua sobrevivência resistindo a todas as barreiras para manter viva sua identidade cultural. Da mesma forma manter viva a língua materna.

(Autores: Namblá Gakran, Berenice Ndili, Belonir Ndili, Adelina Patté)

Texto 2

Memória

São fatos narradas a partir de uma simples palavra, ou objetos que me permitem a uma reflexão ou lembranças.

Para os índios mais velhos quando falamos na construção da barragem eles sentem muito triste. Pois, lembram que antes dela todos os índios viviam em uma única aldeia, se alimentavam todos juntos, saiam caçar juntos e tinham uma convivência coletiva. Após a construção da barragem. Tudo isso acabou a única aldeia teve que ser dividida em 7 aldeias todas com lideres diferentes e toda a convivência em grupo foi destruída causando grandes danos ao grupo Xokleng como a perda da língua e muitas outras coisas que eram importante para a comunidade.

A educação e a saúde era administrada pela FUNAI. Hoje tudo mudou, a educação é comandada pelo estado de SC.

(Autores: Miriam V. Priprá e Walderes C. P. de Almeida)

Texto 3

A nossa memória

Queremos aqui relatar uma história que muito nos prejudica.

Viviam todos felizes num mesmo lugar compartilhando as nossas alegrias. A natureza que fazia sua fonte de renda. Existiam uma facilidade de locomover de um lugar para o outro sem dificuldade, mas por volta da década de 1980, isso tudo acabou.

Foi construindo uma barragem que dividiu a nossa comunidade. Sua fonte de renda se acabou porque houve inundação trazendo muita destruições onde seus costumes e suas culturas se acabaram.

(Autores: Jeonilto Veitchá Crendo, Jidean R. Fonseca)

Texto 4

Memória

A memória está mais nos fatos narrados na oralidade de uma realidade que está no artesanato, nos contos indígenas Xokleng, mais velhos, buscar os conhecimentos que eles sabem, transmitir para os filhos. Ex. ensinam as crianças fazer remédios, tudo na tradição, música, poesia, brincadeiras, língua materna. Ficou na memória: vários animais selvagens que foram extintos: Ex. anta e porco-do-mato.

. Uma única aldeia;

. Um único líder, para dominar politicamente a TI Xokleng;

. O primeiro nome dado a etnia aos indígenas (Botocudos);

. A crença, uma única e acreditava-se em animais, aves, sol, lua;

. Em épocas de fazer roças, faziam-se um mutirão;

. Alimentação era tirada diretamente da natureza, caça, pesca, frutos, sementes;

. As mães levavam seu filho(a) nas costas num artesanato feito com embira;

. Rio com água cristalina pura;

. Casa tradicional (típica Xokleng);

. Sede da FUNAI era localizada na Terra Indígena;

. Saúde, educação mantida pela FUNAI

. Os indígenas tinham uma saúde completa;

. A chefia da FUNAI era administrada pelo próprio índio;

. A primeira Igreja Evangélica – “Assembléia de Deus”, ser construída;

. A primeira religião que os indígenas adotaram a católica pelos missionários;

. A TI está dividida em várias aldeias e tudo mudou por causa da barragem norte.

(Autores:Carli e Ozéias)

Texto 5

Como encontrar a memória

Encontrar a memória é lembrar de fatos que aconteceram no passado. Estes são subsídios para nos ajudar a ensinar nossos alunos a conceder a nossa cultura, como ela surgiu e como é valorizada.

Para que isso aconteça é preciso que se peça a ajuda de pessoas mais velhas, que conhecem mais como era a vivência dos nossos antepassados. Através de memórias guardadas por algumas pessoas mais antigas sabe-se que na época os índios eram mais unidas pois tudo o que plantavam e caçavam era comunitário quando um tinha mantimentos, todos tinham que trabalhar em conjunto.

Faziam isso porque eram um povo muito sofrido, me lembra das enchentes que fez com que os índios perdessem suas roças, suas casas perderam também grande parte de suas matas e árvores frutíferas.

A falta de terras para trabalhar, fez com que as pessoas fossem migrando para outros lugares a procura de trabalho. O freqüente convívio do índio com o branco fez com que os índios fossem perdendo a sua cultura vivendo fora das aldeias e acabam casando-se com os brancos ou seja, com os não-indios e vinham os filhos que não eram brancos , mas também não eram mais índios. Seus filhos já não traziam mais o interesse pela sua cultura.

Com isso nosso povo está ficando cada vez mais misturado com o branco. E a cultura está perdida lá no passado.

(Autores: Silvana Gonçalves e Alçonete de Almeida Patté)

Texto 6

Identidade Xokleng

Hoje esse povo Xokleng tem suas características fortes, morenos olhos pretos, cabelos negros e longos, conserva seus costumes na culinária. Se comunicam e falam a língua materna acreditavam em Deus na forma de natureza, cada ser, cada bicho, árvore tinha alma, acreditavam também em vida após a morte. Eram coletores, caçavam e pescavam para sustentar a família, comunidade, viviam em grupos divididos em famílias sendo que o casamento eram escolhidos pelos pais, quando as crianças nasciam, e estas cresceram se casavam; sendo que o homem tinham outros casamentos além deste e poderia viver com mais de uma mulher.

Eles se chamavam botocudos, e Xokleng porque suas andanças carregavam um sexto nas costas e o antropólogo denominou Xokleng, por se parecer com a aranha.

O povo Xokleng é um povo lutador em busca de seus direitos para melhoria do povo, relembrar a vivência é recordar momentos bons e momentos ruins. Este povo que vive em busca de seus ideais onde no passado sofreu todos os tipos de discriminação, até mesmo o extermínio.

(Autores: Rodrigues Pinto Reis e Zilda Pripra)

Texto 7

Cumprimento dos costumes e rituais – história da pacificação

Um certo menino chamado Vomble perguntou no seu pai.

- Por quanto tempo ficaremos nesta mata?

O pai respondeu.

- Vomble, conforme os costumes e tradições sairemos logo.

Com o passar do tempo. Vomble e seu amigo Covi caminharam em direção ao rio, para cumprir o ritual dos primitivos Xokleng.

Mas no silencio do mato, além do cantar dos pássaros, ouviram tiros e de longe ele os avistou. Onde tudo começou.

Vomble gritou para o desconhecido.

- Ei, meu amigo

Então o desconhecido respondeu:

- Meu amigo, não tenho medo, vim aqui para te defender.

Vomble respondeu.

- Como posso acreditar que é meu amigo?

O desconhecido respondeu.

- Pra você acreditar vou matar um gado, machado, facão e roupas para o amigo usar com seus familiares.

O encontro aconteceu no começo da manhã e o contato foi estabelecido somente no final da tarde.

(Autores: Cahechuin e Micael)

Texto 8

História de um povo

Certa vez um menino Xokleng, olhando para as matas verde, começou a perguntar para si mesmo, a maneira como seus avós viviam na floresta; sem médico, sem odontólogos. Nessa dúvida resolveu perguntar ao pai:

- pai, de que maneira eram tratadas as doenças de meus avós, na mata, antes que eles fossem pacificados?

Seu pai respondeu:

- Meu filho, essa é uma história muito longa e de tristeza para mim.

- Mas eu quero saber essa história. Disse o filho.

- Filho, eles tinham suas maneiras de tratar as doenças que eles contraiam; existia um velho que conversava com os espíritos e tinha o conhecimento das ervas medicinais que serviam para tratá-los da maioria das doenças. Somente esse velho que fazia isso.

- Pai existiam mercados, lojas onde eles pudessem realizar suas compras? Perguntou o indiozinho a seu pai.

- Tudo quanto eles necessitavam era extraído da natureza, pois ela lhes oferecia.

- E quando eles sentiam dor de dente o que eles faziam? Tinha algum remédio que fizesse passar a dor?

- Existiam sim. Havia na mata um cipó que era mascado pelo doente que anestesiava e fazia passar a dor.

Assim foi contada a história para um menino Xokleng pelo seu próprio pai. Junto os dois conversaram e relembraram a história do seu povo, conhecendo os dois mundos, do avô e do menino.

(Autores: Lalan Priprá e Ozias T. Palé)

Texto 9

História e Memória

Tucun Kamlém

Era uma vez um menino chamado Tucun Kamlem ele nem era tão velho assim.

Sua casa era ao lado de uma casa de memória e ele conhecia todo mundo que vivia lá.

Ele gostava da sra. Vanhká que tocava txy.

Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o sr. Vãnheky.

Ele brincava com o sr.Kãnjãhá.

Ajudava a sra. Vanhkyl que andava com vãdã.

E admirava o sr. Kuzug que tinha voz de gigante.

Mas a pessoa que ele mais gostava era o sr. Uglô Kledo porque ela também tinha nome indígena como ele.

Ele a chamava de Jô Uglô e contava-lhe todos os seus segredos.

Um dia Tucum Kamlém escutou sua mãe e seu pai conversando sobre a dona Uglõ.

- Coitada da velhinha, disse a mãe.

- Por que ela é coitada? – Perguntou Tukum Kamlém

- porque ela perdeu a memória – respondeu seu pai.

- Também não é pra menos – disse sua mãe. – afinal lê já tem mais de noventa anos.

- O que é memória? Perguntou Tukun Kamlém.

Ele vivia fazendo perguntas

- É algo que você se lembre – respondeu seu pai.

Mas Tucum Kamlém queria saber mais: então ele procurou a sra. Vanhkã que tocava Txy

- O que é memória? Perguntou

- Algo quente, meu filho, algo quente.

Ele procurou a sra. Vanhẽky que lhe contava histórias arrepientes.

- O que é memória? Perguntou.

- algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo.

Ele procurou o sr. Kanjãha que adorava remar.

O que é memória? Perguntou.

-Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.

Ele procurou a sra. Vãnhkil que andava com vãdó.

- o que é memória? Perguntou

- Algo que faz rir, meu querido, algo que faz rir.

Ele procurou o sr. Kuzug que tinha voz de gigante

- O que é memória? Perguntou

- Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.

Então Tukun voltou para casa, para procurar memórias para Jô Uglô, que havia perdido as suas.

Ele procurou um antigo Kaj cheia de ugtxa já, guardadas há muito tempo e colocou-as com cuidado num dozapu.

Ele achou o gló kózi também.

Ele lembrou-se com tristeza, do zankó que seu avô lhe tinha dado e colocou-a delicadamente ao lado dos ugtxa já.

Depois achou seu vãnhkyku, que para ele valia ouro; por fim entrou na mata e pegou vo glé, ainda quente, debaixo do vo.

Ai, Tukun Kamlém foi visitar dona Uglõ e deu a ela, uma por uma, cada coisa de seu dozapu.

“Que criança adorável que me trás essas coisas maravilhosas”. Pensou dona Uglô.

E então ela começou a se lembrar.

Ela segurou o voglê ainda quente e contou sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jardim da casa de sua tia.

Ela encostou uma das ugtxa já em seu rosto e lembrou da vez que tinha ido a caça, há muito tempo e como sentira calor com suas botas de amarrar.

Ele pegou o zânkó e lembrou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para guerrear e que nunca voltou.

Ela sorriu para glózozy e lembrou da vez que mostrara uma para sua irmãzinha que rira a gargalhadas com a boca cheia de kulau.

Ela jogou o vanhkyku para Tukun Kamlém e lembrou do dia em que se conheceram e de todos e de todos os segredos que haviam compartilhado.

E os dois sorriram, e sorriram, pois toda a memória perdida de dona Uglô tinha sido encontrada, por um menino que não era tão velho assim.

(Autores: Maria Kula Patté, Solange Kavan Patté, Kan-Man Criri).

Texto 10


1914 – Início de uma história para o povo Xokleng

Quando o povo Xokleng foi pacificado tudo tornou-se diferente, dando inicio as mudanças de convívio desse povo. O povo passou a ter um líder não índio que segundo diz o povo que ele massacrava os índios. Com o passar do tempo os índios foram se revoltando e formando idéias diferentes que levaria a melhorar nosso lugar. Mas para que essas idéias acontecesse houve muitas mortes de índios inoscentes.

Em 1954 Brasílio Priprá um dos cidadãos da comunidade morre em um conflito com o chefe e seus capangas. Desse dia em diante começou uma nova fase da história Xokleng.

O povo que até esse período vivia amendrotado por esse ditador foi tendo liberdade de trocar seus conhecimentos com as sociedades envolvente. E essas mudanças foram acontecendo no meio do povo.

O grupo Xokleng que a principio, moravam em pequenos ranchos a beira do rio, passou a se distanciar, as famílias já estavam buscando a sua individualidade.

Segundo a minha memória a sociedade Xokleng, tinha um cacique que administrava a comunidade e tudo se referir a ele e era muito respeitada.

Mas as mudanças vão acontecendo ao longo dos anos houve uma construção de uma barragem que trouxe a divisão ecológica da aldeia. Surgiram várias aldeias e vários líderes. Desse período em diante, além do preconceito da sociedade envolvente que os Xokleng vem sofrendo. Agora entre o mesmo povo acontece essas diferenças não existe mais união, poucas famílias preservam o costume Xokleng e falam a língua, com seus filhos não existe mais a coletividade somente a individualidade.

Segundo as minhas observações tudo o que eu pude perceber desde o momento que eu me lembro, a terra indígena Lakalnõ já foi melhor, hoje o que nos resta é resgatar o que foi perdido, mas as diferenças nos impede e torna difícil o resgate e as nossas perspectivas é que futuramente possa mudar essa situação, mas o que tudo indica é que não acontecerá.

Mesmo nós os professores insistindo nessa conscientização o povo em geral não esta interessado e não esta se importando com a perca da linguagem e é por isso que se torna difícil a nossa convivência social. Agora o que me resta é lembranças do que já foi e não é mais.

(Autores: Alair Ngamum Patté, Abigail Mendes).

Texto 11

Fundação da Aldeia Bugio

Antes da construção da Barragem Norte vivíamos todos juntos, mas com conseqüências causadas tivemos que sair das margens do rio em busca de um lugar seguro para nossos filhos. Os líderes juntamente com a FUNAI resolveram levar o pessoal par um ponto mais alto da região. Então cerca de cinco famílias arrumaram suas mudanças e partiram para o novo lar, o qual já era conhecido por alguns indígenas, após os outros foram atrás deste grupo.

Durante o trajeto tiveram grande dificuldade com barreiras que haviam fechado a estrada e dificultado a passagem dos caminhões e com isso levaram cerca de três dias para chegar a seu destino.

Chegando neste lugar montaram suas barracas e iniciaram uma nova vida. Neste local tinha grande quantidade de bugio, os quais serviam de alimento. Há relato que um dos índios matou um bugio que ficou pendurado onde ninguém alcançava e de decompôs ali mesmo e após algum tempo ficou somente o esqueleto no alto da árvore e por isso ficou o nome deste lugar como Aldeia Bugio.

Autor: Alfredo Namblá Priprá

Texto 12

Lembranças de minha mãe (teatro criado e escrito em L. P. e Xokleng)


Abraão é um senhor viúvo. Ele tem dois filhos Nacan e Jair. Mora com ele sua mãe Josiane. Sua mãe com o passar do tempo fica doente sete saudades dos seus antepassados e dos artesanatos que não vê a muito tempo, pois na casa de Abraão não tem nada de artesanato Xokleng e com essas saudades que tem, ela fica deprimida.

Abraão fica assistindo TV quandop seu filho Jair chega apavorado e fala:

  • Pai, pai, vem cá, vem cá ver a vovó. Não sei o que ela tem, mas ela não está bem.

    Abraão vai até sua mãe que está sentada olhando para o céu, ou seja, com o olhar e o pensamento longe (vagendo, pensamento longe) e fala preocupado tocando-a

  • Mãe, mae, o que você esta vendo no céu? Você está bem? Não está doente? O que você tem?

Vovó Josiane responde:

  • Não, não estou doente. O que tenho é saudades do meus antepassados, dos maus pais... enfim, saudade que parece não ter fim. Sabe filho, se ao menos visse um artesanato, um objeto do meu povo, acho que essa saudade passaria.

    Abraão depois de conversar com sua mãe chama seu filho Nacau;

  • Nacau, Nacau, vem cá meu filho.

    Nacau vem até seu pai e seu pai fala para ele:

  • O que foi meu pai. Por que o senhor me chamou?
  • Te falei meu filho, porque estou preocupado com minha mãe. Não sei porque, ela agora está com saudades de seus antepassados, dos pais dela, dos nossos artesanatos. Eu estou muito preocupado com ela e por isso quero que você e o Jair vão comprar artesanato.

    Nacu chama Jair>

  • Jair vamos comigo fazer o que o pai me pediu.

    Os dois (Jair e Nacau)saíram e Abraão fica sentado ao lado da sua mãe. Sua mãe fica com o olhar de tristeza, olhando para o horizonte. Depois chega o Nacau e o Jair e chegam trazendo lança, flecha e chocalho. Entregam para seu pai e em seguida o Abrão entrega para sua mãe dizenso:

  • Mãe, mãe, comprei essas coisas para você.

    A vovó Josiane olha e pega esses objetos com olhar de tristeza e começa admirar. Fala com voz de tristeza e emocionada.

  • meu Deus, que coisas são essas? Nossa! Que saudades! Que saudades dos meus antepassados, que saudades dos meus pais. Esses objetos ele usava quando ia caçar. Essa lança me faz lembrar que quando eu era pequena, meu pai matou uma anta. Essa flacha, um tipo maior, lembro que meu pai matou um bugio em zag pil. Esse chocalho. Ah que saudades! Lembro que quando eu era pequena pela última vê uma perfuração nos lábios e os índios mais velhos tocam e dançavam. Olha meu filho, o que você me fez hoje é a coisa mais bonita que aconteceu na minha vida.

    Assim, todos se abraçam e acaba o teatro.

    Jó tó deis mé aklén (texto na Língua Xokleng)

    Abraão – Jo de jé mã koty jé né. Ha li a tó. Ke nũ vã. A kogó vã é jó tan.

    Vovó – I, énh né u tug ti jé etxó jug óg mé aklén kũ ẽnh jógze vã. Ha kenkú nú ta naka óg tadéu ve ku to nanhgog mi.

    Nacau – Kateg

Jug! Jo vu ká jã de jé mã inh jé ky mi. Katy ku no.

Abraão – Jo nevitug jág. Jo viu tó ké né un. Ba tu té. Jair jó mã deis plu txi óg tó déu kágdjam jé tég jé nú jó móveu. Jó jug óg tó déu txi etxó o mó génh vã.

Vovó – Ah! Étxo ve jug óg mé aklén nũ vã. Ah étxo jug tó, tó ge to akle é jó kág lan kũ to ẽnh já klair nũ aklég mu.

Do tóg ve kũ nũ jug tõ zág pil tá kug pé nũ etxó ve jó ke nũ akleg mé.

Txy tóg ve kũ Vatxó ka jug óg to gel óg glókozyn kũ to aglén etxó ve jó mũ aklég mũ.

Autores: Jair Crendo, Nacau Gakran, Josiane de Lima

Texto 13

História e Memória

Identidade

Era uma vez um menino chamado Kabê, seu nome foi escolhido por seus pais, pois gostavam de um animal com este nome. Quando ele tinha uns 3 anos, seus pais, para seguir o ritual da tribo mandaram furar seu lábio inferior para colocar um botoque. Era um menino muito sapeca, mas era muito esperto e sempre fazia piadinha com seus colegas, sempre fazia perguntas idiotas para sua mãe só para irritá-la.

Kabe morava na cabana próxima a uma cachoeira com seus pais. Ele gostava de tomar banho na cachoeira e brincava com seus amigos. Seu amigo preferido era um papagaio, que Kabe chamava de pãn bag.

Pãn bag era também muito sapeca e quando Kabe o mandava falar palavrões para as pessoas, Pãn Bag obedecia e levava recado para as outras pessoas quando Kabe mandava. Nos lugares em que Kabe era encontrado Pãn bag sempre estava lá, seja nas brincadeiras de subir árvores ou se ia balançar em ciós, ou outras Pãn Bag também só ficava olhando, observando quando Kabe estava brincando ou tomando banho no riacho ou na cachoeira.

Autores: Isaías e Margarete

Texto 14

História e Memória

Uma história da realidade – Uma linda moça

Uma linda moça e seu pai, que por ciumes matava os jovens que a vinham visitar para ouvir suas histórias, assim as moças falavam cada vez que chegavam.

Era uma, uma moça linda na óca junto com seus pais. Por ser linda, os rapazes da redondeza vinham visitar seu pai. A moça se chamava Kaklozal.

Os rapazes vinham visitar o seu pai na casa e diziam assim para ele:

  • Pai, eu vim aqui para o senhor me contar uma das suas histórias.

    No outro dia chegava um outro rapaz para escutar a história daquele senhor. E chegava à noite e ele nao parava de contar suas histórias. Em altas horas o receptor ficava com sono e dizia para ele:

  • Pai onde irei dormir?

    E ele dizia:

  • Dorme aí no lado da minha filha.

    O moço receptor dormia no lado da moça, o pai tão cruel, esperava ele dormir e pegava a cera guardada e colocava no cabelo do moço, cortou o cabelo e levou para a serpente que morava no topo de um pinheiro araucária. A serpente sabia a chegada do que aquele homem e levantava a cabeça para ver o homem. E descia pelo topo para comer a cera cheia de cabelo. Da qual cabelo a serpente comia, os rapazes iam morrendo, mas ninguém percebia.

    Mas, uma certa vez, um homem percebeu que os moços estavam se acabando, nem mais dava uma satisfação e estavam acabando. E ele dizia:

  • Alguém poderia ver, ou resolver por que é que os jovens estão se acabando?

    Este mesmo homem criando coragem para espiar o que estava acontecendo na população. Uma certa noite ele foi para a casa daquele homem para ouvir sua história. Chegando altas horas da noite ele perguntou ao homem:

  • Pai, onde irei dormir?

    Ela dava sempre a mesma resposta e dizia:

  • Dorme aí do lado de minha filha.

    Foi deitar do lado da moça , mas não dormiu. Quando chegou em altas horas o homem, achando que o rapaz estava dormindo, levantou-se bem lentamente e colou cera na cabeça do rapaz, cortou o cabelo que estava colado na cera e guardou no alto. O homem voltou a deitar. Então o rapaz esperou que o homem dormisse e levantou lentamente, pegou a cera cheia de cabelo, pois havia acompanhado toda a cena, tirou todo o cabelo que estava grudado na cera e colou no cabelo da filha, cortou o cabelo e colocou de volta onde o homem havia deixado.

    Na manhã seguinte o homem levantou-se e levou a cera cheia de cabelo. O rapaz foi espiar o que o homem estava fazendo. O homem chegou no topo do pinheiro araucária, uma cobra gigante apareceu sentindo a presença do que aquele senhor, levantou a cabeça e viu o homem desceu pelo topo do pinheiro e comeu a cera

    O rapaz viu toda aquela cena e voltou para contar tudo à comunidade indígena. Toda comunidade fora liberta daquele homem misterioso. Chegando à tarde, a filha do homem misterioso adoeceu, uma grande febre a atacou e ela faleceu.

    O homem misterioso lamentou muito e dizia que foi enganada e matou a sua própria filha. (Kaklozal)

Autor: Crendô.